Bom,
Como o Jefferson gentilmente me indicou para fazer um relato dos textos discutidos na última aula, vamos lá...
Partindo da discussão do livro do Sterne (The Audible Past) e pensando a constituição de um tipo de escuta a partir de uma perspectiva histórica (social, econômica) foram citados os seguintes autores e textos na aula:
De início, a Simone citou a Teoria das Materialidades como um outro tipo de abordagem que podemos ter para com nossos objetos comunicacionais. O grande nome das materialidades, pelo menos aquele que até agora vem tentando estruturar de maneira objetiva uma série de argumentos em prol de uma visão não exclusivamente hermenêutica, seria Hans Ulrich Gumbrecht. Seu livro, editado junto com Ludwig Pfeiffer, "Materialities of Communication" traz vários trabalhos de vários autores tratando dos aspectos materiais de assuntos tão diferentes como "O corpo do livro", "A dissonância e a música", " O sitema imunológico", "os Signos no Egito antigo", e por aí vai. Contribuiram para o livro autores como Vivian Sobchack, Paul Zumthor, Lyotard, Francisco Varela, Friedrich Kittler, etc. Um livro mais recente do Gumbrecht e, na minha opinião, mais maduro sobre o tema, é o "Production of Presence" de 2004. Para quem se interessar, há alguns textos que podem esclarecer mais sobre o assunto (Erick Felinto, Michael Hanke e do próprio Gumbrecht). Já que não dá para colocar o texto no blog, eu posso mandar por email para quem quiser.
Falamos também do texto do Sterne sobre Bourdieu. O nome do texto é "Bourdieu, Technique and Technology".
A Simone lembrou que a idéia de genealogia da escuta que o Sterne propõe remete ao modo como Foucault entende mecanismos como os do regime disciplinar e outras relações interpessoais como profundamente atrelados a configurações sociais. Para isso citou o "Vigiar e Punir", com sua idéia de Panóptico, sendo que o Sterne também se vale do "Nascimento da Clínica" como um interessente estudo sobre a constituição do corpo como um objeto de estudo racional.
Foram citados os livros "Techniques of the Observer" e Suspensions of Attention" do Jonathan Crary, que tenta estabelcer uma trajetória da visão segundo uma perspectiva próxima a que Sterne tenta fazer com a audição.
O Sterne faz críticas ao Walter Ong (Orality and Literacy), por suas posições assertivas sobre as diferenças entre a visão e a escuta.
Críticas também foram direcionadas ao Murray Schafer (que criou a idéia de paisagem sonora e esquizofonia) e Pierre Schaeffer, um dos pais da música concreta nos anos 50. Como eu disse em sala, considero a posição de Sterne a respeito da idéia de acusmatismo e objeto sonoro, que Schaeffer tenta estabelecer, um pouco apressada. Acho que teremos espaço em outras aulas para discutir isso. Para quem quiser se interar das idéias do Schaeffer eu posso passar dois textos pequenos sobre o tema: "Principes d'acousmatique" do François Bayle e "A Escuta como Objeto de Pesquisa" Do Rodolfo Caesar. Claro, para uma pesquisa mais profunda só lendo o trabalho principal do Schaeffer, "Traité des Objets Musicaux".
O Sterne cita o Marcel Mauss quando fala das técnicas de audição. O texto do Mauss a que ele se refere é o "As Técnicas Corporais". Também posso mandar uma cópia para quem quiser.
E, por fim, nós não poderíamos esquecer do grande Bruno Latour. O exemplo do fechador de portas, que Sterne cita tanto no texto discutido em aula como no texto sobre Bourdieu, está no trabalho "A Sociologia de um Fechador de Portas."
Oi Zé Claudio,
ResponderExcluirMuito obrigada pelas detalhadas informações! Mas, vc fez muuuito mais do que eu sugeri. A idéia é só fazer a lista bibliográfica dos textos mancionados, que não estavam na bibliografia da Unidade.
Só título, autor, etc...senão vai dar muito trabalho...
Vc fez um trabalho muito mais completo e exaustivo - obrigada mesmo!!
Abçs, bom fim de semana,
Simone