"O DVD de um show sempre será uma fraude consentida. Um disco de áudio ao vivo é mais fiel a um show do que a sua filmagem. Permite-me viajar, imaginar o palco, recriar, participar. O DVD pode ter som Dolby 5.1, imagem HD, extras, o cacete, mas não me dá esse pancadão no meio dos peitos, não replica a mágica da presença física dos caras ali adiante. Após tantos anos, tantas leituras e releituras na faculdade, agora que o Radiohead fecha o show com Creep, acho que afinal entendi o Walter Benjamin.
Certas coisas não se reproduzem. Daí essa sensação de eu não estar aqui, de isso não estar acontecendo comigo, de eu ter desaparecido completamente no meio de uma multidão de 20 mil devotos, de o momento já ter passado, bom demais pra ser verdade."
Sobre a crítica do show, eu discordo. Mas, isto já comentei no blog do LabCult.
O que achei legal é que a citação bate exatamente no ponto da distinção entre o original e a reprodução, junto com a ilusão da fidelidade, que foi tema da discussão da nossa discussão da aula passada, a partir do Sterne - e será da próxima aula.
No caso do Radiohead, especialmente, o conceito de original (embora como vimos...passível de questionamentos) acaba por cair sobre o trabalho em estúdio mesmo! Quando assistia ao show... vá lá...mediado pela Multishow (não fui...pois é... fazer o q?) fiquei impressionado com a força dos "barulhinhos"...achei que talvez, ao vivo...esses detalhes sônicos desaparecessem perdidos nos gritos. Talvez até tenha se perdido, quem foi pode dizer. Uma vez imerso nas 20 mil pessoas os detalhes parecem não fazer muita diferença. ..mas na minha sala, com a TV no máximo e luz devidamente apagada... soou bem "fiel" ao que entendo por Radiohead... ou seja, aos discos. Quando estive na Madonna (calma, não vai rolar comparação) eu sai do Maraca com a profunda impressão que não tinha visto o show, um amigo até me disse...não vejo a hora de lançarem o DVD...só assim vou poder ver o show! Achei curioso, estávamos lá "face a face" e mesmo assim não vimos.
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