Blog das disciplinas ligadas aos Estudos de Som e Música, ministrada pela prof Simone Pereira de Sá, no PPG Comunicação da Universidade Federal Fluminense e no curso de Estudos de Mídia.Em 2010-2, o curso ministrado é a Oficina e Mídias Sonoras II.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
O ser humano se torna parte da música e a música se torna parte do ser humano
O som é capaz de trazer determinadas sensações aos 5 sentidos do ser humano. A frequência determinada, em certo espaço de tempo é capaz de gerar sensações estranhas ou não, alucinantes ou relaxantes. Quando se trata de música/som, devemos pensar em movimento. Mas por que movimento? Trata-se tanto de movimento de grupos ligados a certos gêneros/estilos musicais quanto o movimento no seu sentido literal. Estou falando de movimentos Punk, Rock, Hip-Hop, Funk... e principalmente o eletrônico; a batida; o “tuntz-tuntz!”. De qualquer forma esses movimentos estão interligados, sendo que um complementa o outro, com suas apropriações e reapropriações. Falo também do ‘MOVIMENTO Corporal’, a dança de diferentes maneiras de curtição do som produzido, criado, incorporado, hibridizado.
Assim como movimentos de músicas mixadas, “embaralhadas”, cortadas, hibridizadas, juntas... Isto tudo gera estudos de cientistas (experts) do som, na qual é analisado esse “movimento” rico de poder de criação que o som possui. Juntamente com os movimentos juvenis as músicas/o som tem o poder de criar identidades. O mover de um ritmo, move a sensação, produz um desejo de movimentação de acordo com aquela música que te faz lembrar de um determinado tempo e lugar. Gerando a sinapse. Os pés, a cabeça começam a se mexer, o sangue talvez esquenta mais e quando tomamos conta, o som tomou parte de nós. O ser humano se torna parte da música e a música se torna parte do ser humano. Com a música eletrônica facilmente podemos perceber esse ciclo. Este movimento do corpo pode ser percebido em locais montados para tal movimentação. As Raves que contagiaram todo o mundo, ou parte dele, tem celebrado essa cultura do som, onde DJs apresentam-se com seus sons mixados e embaralhados, no sentido positivo da palavra, músicas de sucesso, Hits que alucinam e geram o entretenimento a quem curte o som (ouvir a batida e movimentar-se com o movimento do “tuntz-tuntz!”).
O movimento da música eletrônica é o tema central do documentário de 1998 de Iara Lee – MODULATIONS - que traça discussões como concepções de música, experimentações de sons, história da música eletrônica, pontos de vista do que seria a tal eletronic music com análises de DJs e suas mixagens; questões de manipulação de gravações de outros autores e apropriação de aparatos técnicos e sintetizadores gerando ou reformulando sons. Assim como discussões também do ser ou não ser música eletrônica. Tudo isso girando em torno do mundo do som (técnicas de áudio, produção de novos sons com uso de novas tecnologias). É a evolução da música eletrônica e sua história ao longo dos anos que Iara retrata.
Podemos perceber que o documentário é composto por turbilhões de imagens coloridas e sons/batidas da música eletrônica. Ritmo corrido, mudanças e misturas rápidas de imagens, cores ao fundo, cortes e colagens que fazem uma alusão ao som em questão, ajudando a responder o que seria a música eletrônica que é a TRILHA SONORA do documentário.
Muitos vêem música eletrônica como música barulhenta e alucinante, não considero como um som barulhento, mas como alucinante é fato. Ela carrega consigo um poder de transformar sensações, assim como muitos outros gêneros musicais.
Para quem gosta de música, especialmente música eletrônica/ruídos; movimentos jovens... Deve assistir esse filme.
O som é movimento!
modulação
de acordo com o dicionário Michaelis®
Transição de uma tonalidade a outra; inflexão da voz; melodia;modulação da freqüência da onda condutora, de acordo com a fala ou sinal.
Variação de uma característica (como amplitude, freqüência ou fase) da onda condutora de um sinal, para transmissão de informação, usada em telegrafia, telefonia, rádio e televisão. Tudo relacionado ao SOM.
Penso que Modulação seja: Módulo – Modo do som agir – Mudança (freqüência modificada)
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Modulations
Modulations é um documentário, produzido em 1998 dirigido por Iara Lee, que fala sobre a evolução, desdobramentos e influências da música eletrônica através de depoimentos de Djs e produtores do meio. O filme inclui uma breve história da música eletrônica através de entrevistas com os "pais fundadores", como Robert Moog, Karl-Heinz Stockhausen, os membros da banda avant-garde alemã Can, e o inventor da "musique concrete" Pierre Henry, bem como um aceno para o pai do minimalismo musical, John Cage, que é apresentado em imagens de arquivo.
Modulations é feito num ritmo alucinante com cortes rápidos e esquizofrênicos. Ele celebra a diversidade, pois é feito de uma mistura de imagens e batidas que são impossíveis de interpretar em uma só sessão. Além disso, mostra que conceitos de sons diferentes na música são fundamentais.
O filme trata a evolução da música eletrônica como um dos mais profundos desenvolvimentos do século XX além de prover um senso de história e contexto para que possamos entender a música eletrônica nos dias de hoje. É um filme necessário para quem gosta de música, movimentos jovens ou ao menos pra quem gosta de se informar sobre isso.
Julia Camara e Júlia Pacheco
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
“Não somos músicos, mas artistas de colagem”

O documentário traça uma linha histórica na qual a obra experimental de nomes como Karlheinz Stockhausen e John Cage aparece como ancestral da música eletrônica e de diferentes expressões intimamente ligadas a uma cultura do DJ, no qual os sintetizadores e outros aparatos tecnológicos se tornam instrumentos e permitem a interferência através de técnicas como colagem, mixagem e scratch.
Apesar de referências similares, as apropriações de dispositivos tecnológicos variam de acordo com os grupos sócio-culturais e a necessidade dos mesmos em interferir na produção de sonoridades. É possível observar, por exemplo, a fundamental importância dos aparelhos sonoros no surgimento do Hip Hop nos Estados Unidos, da música eletrônica alemã e dos diversos sub-gêneros que pipocaram em cidades como Detroit e Chicago e as formas diversas como os jovens desses grupos se relacionam com a tecnologia, atualizam discursos e criam novas maneiras de interagir no espaço urbano. Os discursos, aliás, variam tanto dentro de uma mesma cena quanto na relação com as demais.
O título do filme parece apontar para uma tentativa de “modular”, ou seja, aproximar as discussões em torno de temas como tecnologia, arte, música eletrônica e a própria concepção do que seria música, visto que enquanto certos grupos buscam inserir seus gêneros dentro da noção corrente, outros fazem questão exatamente de romper com esse paradigma.
Misturando Sons: Modulations
O modo como o documentário foi organizado e produzido acompanha as próprias características do tipo de música que ele tem como objeto, com um quê de esquizofrenia, correria e muitos cortes, aliados a colagens de entrevistas, fotos dos artistas em estúdio e shows ao vivo.
Durante o filme, uma mensagem parece ser comum a todos os músicos: produzir através de experimentação, criando sons através da tecnologia. É exatamente o que torna a música eletrônica, e todos os seus subgêneros, diferente de outros estilos musicais. Desde a criação dos fonógrafos com Leon Scott, Thomas Edison e Emile Berliner, passando pelos desenvolvimentos dos franceses (Pierre Schaeffer e Pierre Henry) e de Stockhausen, até o surgimento do sintetizador Moog nos anos 60, o movimento da música eletrônica foi aperfeiçoado através da experimentação. O resultado de todo este processo é a mistura de sons e ruídos, gravados do natural ou criados por softwares, que conhecemos atualmente.
A música eletrônica, como outros estilos, possui seus subgêneros. Os mais conhecidos são o Jungle (Drum and bass), o House (ainda com variações, como o Acid House), o Techno e o Trance. Seus palcos de exibição, as raves, tornaram-se famosas em todo o mundo e são retratadas em Modulations.
Talvez a maior crítica que se pode fazer a música eletrônica é a questão da manipulação de gravações anteriores, constituindo um ato de cópia. Contudo, os avanços proporcionados por este gênero, assim como seu estilo, vêm sendo empregados por músicos dos mais variados estilos. É importante lembrar que no cenário atual o uso de sintetizadores e outros aparatos técnicos, principalmente na pop music americana, acabam gerando uma dificuldade em classificar o que é e não é musica eletrônica.
Grupo: Chrissie Leite, Isis Mesquita, Yan Caetano e Leticia Gabbay
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Som – infinito, onipresente e eletrônico.
"Modulations" (1998), de Lara Lee, é um documentário futurístico sobre machine music ou música de máquina.
A diretora combina uma explicação detalhada da evolução de música eletrônica de Karlheinz Stockhausen e John Cage por disco, house, jungle, entre outros gêneros, com imagens um tanto quanto caóticas: gráficos de computador, high-speed cityscapes, luzes, e apaixonados pelo movimento no mundo inteiro. Não é à toa a forte presença do visual conectado à música quando se trata de música eletrônica. Luzes, cores, néon. Nessa atmosfera, som e imagem não são pensados como coisas separadas.
O documentário dá credibilidade e validez à cultura da música eletrônica, que, embora tenha tido sua “onda” nos anos 90, surgiu bem antes, na década de 30/40, criando uma forma peculiar de produção musical. Lara Lee argumenta que os sons não são limitados, temos uma variedade infinita de barulhos e sons que, de alguma forma, compõem música. Podemos buscar a tecnologia, os sintetizadores para criação, substituindo o instrumento acústico ou trabalhando junto com ele.
Além disso, o doc. toca em questões filosóficas sobre tecnologia, como alienação em função da tecnologia e a questão da conectividade entre as pessoas. Também podemos ver como um pequeno estudo sociológico das condições que conduziram ao nascimento dos múltiplos gêneros da música eletrônica.
"Modulations" nos faz pensar em como o espetáculo computadorizado e a nossa sobrecarga sensorial está em toda parte, e como toda essa carga contribui, está presente e pode compor a música eletrônica.
Por Andressa Lacerda, Érika Xavier e Gyssele Mendes
domingo, 11 de outubro de 2009
Modulation e Sound Studies: Análise