quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Remixando In Rainbows: o Radiohead e a cultura da convergência

Por Rodrigo Baptista

A partir do acirramento da “crise na indústria fonográfica”, observamos a tentativa de se criar novas estratégias de vendas online e de comercialização de música. O Radiohead apontou para uma direção interessante que parece compreender o mercado atual – inserido numa cultura da pirataria e da convergência – melhor, em geral, do que as grandes gravadoras. Durante a divulgação do álbum, In Rainbows (2007), sétimo trabalho de estúdio, chamou a atenção mais pela estratégia de lançamento inovadora do que propriamente pelo conteúdo. Depois de uma parceria de mais de uma década com a major Capitol Record, o Radiohead assumiu o controle completo da confecção do novo disco produzindo-o de forma independente. A questão ressalta a autenticidade, noção bastante valorizada no gênero rock.

A banda respondeu a um momento de transição na indústria permitindo que os consumidores pudessem escolher quanto pagar pela obra. O grupo também intensificou sua relação com os fãs ao não enviar cópias antes do lançamento para a imprensa, prática comum de divulgação. Os jornais tiveram acesso ao álbum ao mesmo em que os fãs faziam o download.

Além de permitir o acesso de seus admiradores às músicas ao mesmo tempo em que a mídia, a banda britânica lançou mão de campanhas para a criação de videoclipes feitos pelos fãs, utilizaram resenhas escritas por eles, permitiram que os mesmos remixassem as faixas Nude e Reckoner, premiando os melhores através de votação no site. Eles disponibilizaram os canais de áudio de voz, baixo, guitarra e bateria mostrando que não eram os donos da razão no sentido de que aquelas canções poderiam ser modificadas. Assim, acabaram por fugir da própria idéia anteriormente defendida por eles de rock enquanto arte, de obra fechada. Isso porque mostraram, neste contexto mais participativo, que estão abertos às reapropriações, à mixagem, à colagem à interferência de outros, o que pode ser entendido pela aproximação do grupo com a música eletrônica, ocorrido principalmente nos álbuns Kid A e Amnesiac.


Eles tentam mostrar assim que veem seus fãs como pessoas ativas e inteligentes capazes de decidir os rumos da banda, atuando de forma participativa, o que está totalmente atrelado ao contexto sociocultural contemporâneo, momento em que mais e mais pessoas têm a possibilidade de criar vídeos com celulares e postar no Youtube, tirar fotos, escrever em blogs, etc. A banda, assim, acerta ao implementar uma estratégia de valorização do fã, subvertendo a imagem tradicional do star system de músicos enquanto mitos distantes, e se aproximam do público possibilitando a valorização da sua própria imagem.


Trabalho completo!

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