domingo, 29 de agosto de 2010

Revolução Industrial, Paisagem Sonora e Esquizofonias


Segundo Murray Schafer, a Revolução Industrial atuou drasticamente na mudança das paisagens sonoras em regiões onde o setor da indústria se desenvolveu - o que nos dias de hoje é praticamente toda parte. O nível de ruído renitente se alastrou submetendo a população ao que o autor chama de "paisagem sonora lo-fi", caracterizada por sons contínuos, graves e de baixa frequência, contribuindo para que os expostos desenvolvam uma propensão à letargia. É por considerar este contexto nocivo e, portanto, opressivo é que Schafer entende tal existência como paisagem condenável, inserindo-a no âmbito da poluição sonora.

Não apenas a Revolução Industrial foi responsável pelas mudanças aflitivas no ambiente sonoro. A difusão das novas tecnologias entre a população expandiu-nos da categoria de experimentadores deixando espaço para nos assumirmos, também, enquanto produtores de sons com poderio preservado. O fenômeno da esquizofonia, “rompimento entre um som original e sua transmissão ou reprodução eletroacústica”, possui relação direta com essa esfera. Pois o aparato tecnológico disponível permite dissociar o som do espaço e tempo em que este é produzido originalmente, possibilitando até mesmo a alternativa para a criação de novas sonoridades. Esse aglomerado de sons, porém, se dispostos de forma confusa, pode desviar em poluição sonora, tal qual como constatado nas paisagens sonoras do período de industrialização e que ainda ecoam em nossos dias.


Eduardo Pedreira, Natalia Dias,
Tatiana Vargas e Verena Duarte.

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